19/11/2009

Silêncio, eu não escuto ninguêm

Meio providenciado, mas taí.


Antes do recreio

Ele era meio assim distraído, mas um dia virou e... Bem não sei como ele veio, parecia que com um olho de quem não quer nada, porém com o passo de alguém que queria alguma coisa. Foi logo dizendo alguma palavra assim, sem nada de mais, passou como se nada houvesse, e não haveria? Ah não ser se fosse...
Não sei o que, algo faltava, talvez o acento, a entonação. Daqueles detalhes imperceptíveis, quando presentes. Continuei como se nada tivesse alterado, respondi as suas perguntas. Respondi algumas dúvidas, e fiz umas também. Tentei mostrar que sabia alguma coisa, exibir um conhecimento, mas me faltou o hiato final, não foi. Olhei para sala. Tudo era o mesmo.
As cadeiras, o chão, as mochilas, o giz, as mesas, canetas, resumos, cópias, tudo lá. E eu aonde? Comecei a suspeitar que era eu quem faltava. Não podia ser algo externo sendo que ninguém manifestava nada além da rotina.
X igual z, zoo ou fitoplâncton, Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta Reduzida de Gerúndio, Irineu Evangelista. Tentei mergulhar nas letras, para ocupar minha estranheza. Nada cabia no vácuo que insistia em se mostrar presente. Notas, matérias, fórmulas, me agasalharam e eu não achei minha falta.
Voltei ao quadro, ao mesmo tempo que ele voltava a mim. Apoiei minha cabeça nas mãos e fiquei olhando, memorizando. Me convencia que era a monotonia, ela era sim a culpada. No passo regular, na fala mesma e de mesma toada, na coisa que a gente estuda que parece sempre a mesma. Ela, que armou esse vazio, para preencher minha rotina. Dei- me por satisfeito. Desfiz-me de minhas impressões que acharam estranho aquele indivíduo.
Bate o sino, eu já certo abri a porta da sala, sai junto a disparada do recreio. E antes que pudesse me dar conta do corredor, me inquiriram:
- O que você achou do novo professor?







Hasta luego

Nenhum comentário:

Postar um comentário