29/01/2010

A arvorezinha de folhas brancas, o tio da escola.______ intertexto-idéia do l.m.

  Outro dia estávamos eu, Pequi Atômico, L.M. e alguns outros em frente à escola, conversando e arrancando umas folhas de uma arvorezinha e brincando com elas. As folhas tinham uma cobertura macia de uma praga, que parecia algodão. Não era a coisa mais inocente do mundo o que fazíamos, como crianças que estragam tudo se divertindo, mas a gravidade ambiental do nosso entretenimento não nos impediu.
  Quando todos já se entusiasmavam limpando as folhas, um senhor, que trabalha de vigia noturno na escola e usa uma camiseta velha escrita "COLABORADOR", abriu a janela bem atrás de nós, fez uma cara de preocupação, e brigou. Nos advertiu porque a árvore é patrimônio da escola e o patrão é dono da escola... Não disse assim nessas palavras, só brigou, mas ora, ele vende sua força de trabalho ao patrão em troca de um mísero salário, e na relação hierárquica, assume essa atitude de cuidar da manutenção desse patrimônio, do qual na verdade é totalmente alienado! 
  Isso também ele nos contou depois, do lado de fora, na calçada, explicando que não brigou por mal, nem nos conhecia, mas que às vezes acontecia de descarregar a raiva em bobagens assim. Num tipo de confissão comentou que, pôxa, trabalha numa escola e sequer sabe ler. E que estava um pouco velho já, em tempo de aposentar, e ficava dormindo ali naqueles malditos bancos de madeira, vendo televisão até altas horas da madrugada.
  Nos contou esses segredos, e quando terminamos de ouvir, depois de uns segundos paralisados, o maluco do Pequi, que havia começado a brincadeira de arrancar folhas, espiou a pequena árvore e de repente saltou no rumo dela e a atacou até quebrá-la, num ludismo feroz, como um favor àquele senhor sentado ao nosso lado.