29/01/2010

A arvorezinha de folhas brancas, o tio da escola.______ intertexto-idéia do l.m.

  Outro dia estávamos eu, Pequi Atômico, L.M. e alguns outros em frente à escola, conversando e arrancando umas folhas de uma arvorezinha e brincando com elas. As folhas tinham uma cobertura macia de uma praga, que parecia algodão. Não era a coisa mais inocente do mundo o que fazíamos, como crianças que estragam tudo se divertindo, mas a gravidade ambiental do nosso entretenimento não nos impediu.
  Quando todos já se entusiasmavam limpando as folhas, um senhor, que trabalha de vigia noturno na escola e usa uma camiseta velha escrita "COLABORADOR", abriu a janela bem atrás de nós, fez uma cara de preocupação, e brigou. Nos advertiu porque a árvore é patrimônio da escola e o patrão é dono da escola... Não disse assim nessas palavras, só brigou, mas ora, ele vende sua força de trabalho ao patrão em troca de um mísero salário, e na relação hierárquica, assume essa atitude de cuidar da manutenção desse patrimônio, do qual na verdade é totalmente alienado! 
  Isso também ele nos contou depois, do lado de fora, na calçada, explicando que não brigou por mal, nem nos conhecia, mas que às vezes acontecia de descarregar a raiva em bobagens assim. Num tipo de confissão comentou que, pôxa, trabalha numa escola e sequer sabe ler. E que estava um pouco velho já, em tempo de aposentar, e ficava dormindo ali naqueles malditos bancos de madeira, vendo televisão até altas horas da madrugada.
  Nos contou esses segredos, e quando terminamos de ouvir, depois de uns segundos paralisados, o maluco do Pequi, que havia começado a brincadeira de arrancar folhas, espiou a pequena árvore e de repente saltou no rumo dela e a atacou até quebrá-la, num ludismo feroz, como um favor àquele senhor sentado ao nosso lado.

20/12/2009

Pequi atômico, cadê vancê?

Pequi atômico, você sumiu
Não deixou nem o cheiro
Cê disse Inté, mas até
Quando vamos esperar?
Taí o quê, se ocê não tá?
Pequi, dê algum sinal
Volta como o sol nascente
Só menos universal
e mais oval, no horizonte goianiense!
Sentimos sua falta Pequi...

12/12/2009

ADVERTÊNCIA AOS ESTUDANTES DE TODAS AS IDADES




Por Raoul Vaneigem

[Nota: esse panfleto foi publicado originalmente na França em 1995.]



Capítulo 1: Um Aviso aos Estudantes de Todas as Idades


A escola, a família, a fábrica, o quartel, e, por procuração, os hospital e a prisão, vem sendo as passagens inevitáveis através das quais a sociedade de consumo vem subordinando ao seu lucro o destino do assim chamado ser “humano”.


O governo que essa sociedade exerce sobre a natureza humana, ainda apaixonada pela liberdade da infância, coloca em seu devido lugar o crescimento e a felicidade que precedem – e atrasam em diversos graus – o cerco familiar, a oficina ou escritório, a instituição militar, o hospício, as casas dos condenados.


A educação perdeu o caráter repulsivo que ela tinha no século XIX e XX, quando quebrava espíritos e corpos de acordo com a dura realidade da eficiência e servidão, dando certa glória e glamour ao ato de educar por meio do trabalho forçado, da autoridade e da austeridade, e nunca por meio do prazer ou da paixão? Nada é mais certo, e não se pode negar que, em todo o aparente ímpeto da modernidade, um monte de idéias arcaicas continuam a manchar as vidas dos estudantes com sua infâmia.


A empresa escolar não tem obedecido, até os dias de hoje, a uma única preocupação: a de melhorar as técnicas de adestramento para que o animal possa se tornar um investimento lucrativo?


Nenhuma criança atravessa a soleira da porta de escola sem ser exposta ao risco de perder a si mesma. Isto é, de perder a vida exuberante, recheada com novos conhecimentos e maravilhas, que estaria ansiosa para ser alimentada, se não fosse esterilizada e privada de esperança sob o trabalho tedioso do conhecimento abstrato. Que motivação terrível deve ser ver como essas coisas brilhantes tão subitamente parecem opacas!


Aqui estão quatro muros. O consenso geral convém aos hipócritas; dentro desses muros, se é aprisionado, constrangido, culpado, julgado, honrado, punido, humilhado, rotulado, manipulado, afagado, violado, tratado abortivamente e deixado implorando por ajuda e socorro.


Do que você está reclamando?” objetam os criadores de leis e decretos. “Não é esse o melhor modo de iniciar a juventude nas leis imutáveis que governam o mundo e a existência?” Sem dúvida. Mas por que deveriam os jovens se acomodarem a uma sociedade sem alegria e sem futuro, uma sociedade cujos adultos não tem nada além da sua resignação derrotada, que eles suportam com uma mistura de amargura e desconforto?


Continua....

09/12/2009

Cópia (plágios múltiplos) - falta de coesão


La escuela y el hogar son las dos formidables cárceles del hombre!
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A razão porque todos os esforços passados destinados a instituir grandes reformas na sociedade por meio de reformas educacionais esclarecidas, reconciliadas com o ponto de vista do capital, tiveram de soçobrar – e que ainda hoje permanece – é o facto de as determinações fundamentais do sistema capitalista serem irreformáveis.

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Fidel Castro, falando sobre a falsificação da história cubana após a guerra de independência do colonialismo espanhol, dá um exemplo impressionante:

"¿Qué nos dijeron en la escuela? ¿Qué nos decían aquellos inescrupulosos libros de historia sobre los hechos? Nos decían que la potencia imperialista no era la potencia imperialista, sino que, lleno de generosidad, el gobierno de Estados Unidos, deseoso de darnos la liberdad, había intervenido en aquella guerra y que, como consecuencia de eso, éramos libres. Pero no éramos libres por cientos de miles de cubanos que murieron durante 30 años en los combates, no éramos libres por el gesto heroico de Carlos Manuel de Céspedes, el Padre de la Patria, que inició aquella lucha, que incluso prefirió que le fusiliaran al hijo antes de hacer una sola concesión; no éramos libres por el esfuezo heroico de tantos cubanos, no éramos libres por la predica de Martí, no éramos libres por el esfuerzo heroico de Máximo Gómez, Calixto García y tantos aquellos próceres ilustres; no éramos libres por la sangre derramada por las veinte y tantas heridas de Antonio Maceio y su caída heroica en Punta Brava; éramos libres sencillamente porque Teodoro Roosevelt desembarcó con unos quantos rangers en Santiago de Cuba para combatir contra un ejército agotado y prácticamente vencído, o porque los acorazados americanos hundieron a los 'cacharros' de Cerveza frente a la bahia de Santiago de Cuba. Y esas monstruosas mentiras, esas increíbles falsedades eran las que se enseñaban en nuestras escuelas."

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John Locke, sendo um verdadeiro cavalheiro, com um muito elevado interesse a proteger, propôs a instituição de casas de trabalho para os filhos dos pobres ainda de tenra idade, argumentando que: "Os filhos das pessoas trabalhadoras são um fardo comum para a paróquia, e habitualmente são mantidas na ociosidade, de forma que o seu trabalho também é geralmente perdido para o público até que eles atinjam doze ou catorze anos de idade. O remédio mais eficaz para isto que somos capazes de conceber, e o qual deste modo humildemente propomos, é o de que, na acima mencionada lei a ser decretada, seja além disso determinado que se criem escolas de trabalho em todas as paróquias, às quais os filhos de todos tal como exige o alívio da paróquia, acima dos três e abaixo dos catorze anos de idade … devem ser obrigados a ir".

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Nas escolas
Onde a cultura é inútil
Nos ensinam apenas
A sentar e calar a boca
Para sermos massacrados
Pelo discurso reacionário
De professores marionetes
Controlados pelo Estado

Nas escolas
Você aprende
Que seu destino já está traçado
Pois querem os transformar
Em Cordeirinhos domesticados
Prontos pra serem transformados
Em operários escravizados

Querem nos transformar
Em máquinas
Para submetê-los
A cadência do trabalho
E horários embrutecidos
Pelos carrascos ponteiros do relógio

Me mandaram à escola
Para me dominar
Me mandaram à escola
Para me manipular
Me mandaram à escola
Para me escravizar
Me mandaram à escola
Para me domar

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Atribui-se à educação um valor economicista, que deve responder às necessidades do mercado, passando mesmo a ser considerada uma mera mercadoria. A educação não é um campo neutro, porque é um ato político.
É preciso formar sujeitos e sujeitos são formados pela prática. Cada indivíduo constitui-se como sujeito ao atuar na realidade em que vive.
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A doutrina materialista relativa à mudança de circunstâncias e à educação esquece que elas são alteradas pelo homem e que o educador deve ser ele próprio educado. Portanto, esta doutrina deve dividir a sociedade em duas partes, uma das quais [os educadores] é superior à sociedade. A coincidência da mudança de circunstâncias e da actividade humana ou da auto-mudança pode ser concebida e racionalmente entendida apenas como prática revolucionária.